quarta-feira, 24 de março de 2010

Michael Bay e James Cameron falam da polêmica dos filmes convertidos para 3-D

James Cameron

Enquanto só cresce a quantidade de estúdios aderindo aos filmes 3-D via conversão, alguns diretores continuam reticentes com o processo. James Cameron e Michael Bay conversaram com o Deadline sobre a questão - e Bay falou sobre a possibilidade de converter Transformers 3 para 3-D.

"Eu filmo coisas complicadas, coloco elementos reais nas cenas de ação e, sinceramente, não estou convencido sobre esse processo de conversão. As pessoas podem falar o que quiserem sobre os meus filmes, mas eles são tecnicamente precisos e, se não for para ficar excelente, então não quero fazer. E é sim minha escolha", afirmou Bay, que atualmente lida com a pressão da Paramount e da DreamWorks para aceitar a conversão.
"Estão tentando me convencer e algumas empresas ainda estão trabalhando nas cenas que eu entreguei [para teste]. No momento, parece um 3-D falso, com camadas muito evidentes. Você chega na sala para a exibição e espera ficar empolgado, mas sai pensando 'isso meio que ficou uma droga'. Estou acostumado a ter a melhor equipe trabalhando comigo, e vou pegar o filme pronto, entregar para uma equipe abaixo da média? Enviar o filme para a Índia e esperar que dê tudo certo? Esse processo de conversão sempre será inferior a filmar em 3-D de verdade. Os estúdios podem estar dispostos a sacrificar o visual e usar um truque para ganhar 3 dólares a mais por ingresso, mas eu não estou. Avatar levou quatro anos. Não dá para tirar um filme 3-D da manga", disse o diretor.
Bay acha que o processo de conversão é mais caro e problemático do que os estúdios estão admitindo. Acredita-se em Hollywood, numa média do que é cobrado pelas várias empresas de conversão, que o custo fique na faixa de 100 mil dólares por minuto corrido. No entanto, Bay estima que seja entre 120 e 150 mil, com uma conversão de primeira linha para o novo Transformers custando cerca de 30 milhões de dólares.
O diretor também revelou que investigou a possiblidade de filmar Transformers 3 diretamente em 3-D, mas achou as câmeras pesadas demais para seus rápidos takes de ação. De qualquer maneira, seria impossível filmar tudo em 3-D e honrar a data de estreia, prevista para 1º de julho de 2011.
"Esse é mais um exemplo de como Hollywood entende tudo errado", emendou Camerou sobre a febre das conversões. "Depois de Toy Story foram lançados uns dez filmes péssimos em computação gráfica, já que todos achavam que o sucesso do filme era pela computação gráfica e não pelos ótimos personagens, lindamente desenhados e afáveis. Agora temos pessoas convertendo às pressas filmes de 2-D para 3-D, que não é o que nós fizemos [em Avatar]. Eles esperam obter o mesmo resultado, mas isso provavelmente vai prejudicar a adoção do 3-D, já que estão lançando um produto inferior."
Cameron cita o caso de Marc Webb, que foi procurá-lo atrás de conselhos, já que a Sony quer fazer Homem-Aranha 4 todo em 3-D. "Este é outro exemplo do que Hollywood faz errado. Eles não procuram um diretor que deseja fazer em 3-D, eles dizem que vão fazer em 3-D e o diretor tem que obedecer! Não é assim que deveria ser. Faz sete anos que eu tento convencer cineastas a usar 3-D, e muita gente deu pra trás, enquanto a Pixar, a DreamWorks, eu e alguns outros caras arriscamos. Provamos que estávamos certos, e agora todo mundo exige que seus diretores façam seus filmes em 3-D."
Discussões à parte, o teste do 3-D convertido nos cinemas terá novo round com a estreia de Fúria de Titãs na semana que vem, nos EUA. O estúdio responsável pelo filme, a Warner Bros. (que também quer um 300 3-D), paralelamente tenta convencer Peter Jackson e Guillermo Del Toro a rodar O Hobbit em 3-D, enquanto estuda converter e relançar a trilogia O Senhor dos Anéis no formato. Segundo o Deadline, inicialmente Del Toro prefere 2-D, então a decisão envolvendo O Hobbit será crucial: a WB não pretende gastar cerca de 60 milhões de dólares para converter a trilogia se, no fim das contas, O Hobbit sair só em 2-D.

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